Crônica: 1 entre os 53 finais.
É praticamente certo que todo fã de NFL espera ansiosamente pelo primeiro fim de semana de jogos que acontece em setembro. A animação de sentar no sofá em um domingo à tarde, ligar a televisão e ver que os 7 longos meses sem esse esporte acabaram e a NFL voltou é incomparável. Todos os jogadores e times que amamos estão de volta e prontos para a ação. Mas você já parou pra pensar como é o outro lado?
Nós, como consumidores do esporte, naturalmente nos animamos e aguardamos ansiosamente por aqueles 17 jogos sagrados, de setembro a janeiro. Porém, assim como nós, os jogadores também sentem a mesma coisa. Afinal de contas, é o trabalho deles. Mas não é como um trabalho padrão que estamos acostumados. Eles não acordam 5 horas da manhã para pegarem conduções e chegarem no trabalho às 8 horas da manhã pra sair do expediente às 17 horas. É uma rotina bem mais flexível e também divertida. Cansativa, mas divertida.
Eu poderia continuar e falar sobre estrelas da liga e sobre como eles tiveram que se esforçar pra chegar onde estão. Mas uma visão mais diferente e interessante é a dos jogadores que estão brigando por uma vaga no elenco de 53 pra temporada. Eles não tem vagas garantidas e precisam competir com outras dezenas de jogadores para conseguirem a tão desejada vaga. Tudo para realizar o sonho de jogar futebol americano em um domingo a tarde.
Quando chega o período de training camp esses tipos de duelos estão entre os que mais me interessam. Por conveniência, vamos olhar o Carolina Panthers. Em 2023 o time passou por vários problemas envolvendo a posição de wide receiver, então o general manager Dan Morgan trouxe competitividade para a posição visando este verão. Além dos draftados como Xavier Legette, há também os UDFAs – undrafted free agents – que estão dando tudo de si por uma vaga no elenco. Jalen Coker, o corredor de rotas que animou a torcida com sua chegada, é um deles. Além de outros contratados por fora que também sonham com ver seu nome entre outros 53.
Esses caras merecem todo o reconhecimento por seus esforços e batalhas. Não são os favoritos para assumirem a posição mas estão lá todo dia brigando por seu futuro.
Não é só dinheiro. É o amor pelo jogo. É provar pra si mesmo que é possível. É por ser um nome entre 53 que te dá a chance de receber um único passe em um domingo que pode ser a reviravolta necessária para a vitória.
Mas a grande maioria não consegue chegar lá. Nesse training camp do Panthers se falou no wide receiver Deven Thompkins. Haviam alguns highlights dele sendo postados nas redes sociais e eu cheguei a acreditar que ele poderia quebrar a hierarquia e conseguir uma vaga.
Thompkins foi cortado pouco tempo depois.
É uma competição, no final das contas. É tudo muito cruel. Decisões precisam ser feitas e sonhos acabam sendo adiados porque todos os envolvidos precisam dar o máximo de si. E quando alguém ganha, outro perde. Não tem final 100% feliz.
Mas dadas todas as adversidades e dificuldades do caminho, quando se chega no objetivo a sensação é a melhor possível. E depois disso é tudo sobre abraçar a oportunidade e garantir aquela vaga até que não hajam mais contestações.
Há algum jogador por aí esperando a oportunidade da vida dele para anotar um first down decisivo de uma partida que fará toda a torcida vibrar e comemorar uma vitória. Ou quem sabe fazer uma interceptação decisiva contra aquele quarterback de elite. Não sabemos quem é nem conseguimos apostar como será. Pra nós pode ser algo simples, mas para esse jogador pode ser o auge da carreira dele. Nunca se sabe.
Se dada a oportunidade certa, esse jogador será o único a fazer o que ele fez. O jogador cujo nome será glorificado e comentado por todos os torcedores.
Um único nome entre 53. Ou melhor, um nome entre milhões. #KeepPounding