Crônica: Por que não os Panthers?
Faltam poucos dias para o retorno da NFL, e consequentemente para o retorno do Carolina Panthers. Se isso é bom ou ruim, está aberto à interpretação do leitor. O torcedor de Carolina tem todo o direito de se sentir pessimista para a temporada, afinal, quantas vezes fomos alimentados com falsa esperança e com supostos sinais de que as coisas seriam diferentes ao chegar setembro? Tudo isso para no final das contas nos encontrarmos novamente no mesmo poço de desapontamento.
Porém, é justo julgar o torcedor que está de fato empolgado com o time? Temos um head coach novo, um quarterback de muito potencial que foi o foco das movimentações da free agency, um coordenador defensivo acima da média e peças interessantes dos dois lados do campo. Por que não sonhar com algo além das frequentes derrotas?
É um otimismo que se apoia na crença de que a NFL é cíclica. Todo time tem sua hora de brilhar, cedo ou tarde. Para alguns essa hora demora, para outros nem tanto. E nessa equação também entra o ‘’inexplicável’’.
É fácil dizer que os Panthers não estão prontos para competir pelos playoffs, e eu mesmo concordo com isso. Mas não é nenhum absurdo dizer que os Panthers podem competir pela própria dignidade nesta temporada. Olhando os fatores otimistas citados nos parágrafos acima, por que não sonhar com um ano de sete vitórias? Já é um enorme avanço. Mesmo que aparente ser improvável, não é impossível.
O torcedor de Detroit, por exemplo, passou décadas e décadas perdendo jogos e se sentando no assento da irrelevância. Três anos atrás, os Lions ganharam três jogos. Tinham o 25º melhor ataque da NFL, com um Jared Goff procurando novos ares, um head coach novato pouquíssimo cobiçado e uma defesa praticamente improdutiva. Na temporada seguinte, o time saltou de três para nove vitórias e quase chegou aos playoffs. Em 2023, o Detroit Lions foi para a final da NFC pela primeira vez desde 1991. Se os Lions conseguiram essa transformação, por que não os Panthers?
Outro exemplo é o Jacksonville Jaguars. Dois anos seguidos com a primeira escolha do Draft. Em 2022, foram de três vitórias para nove e chegaram aos playoffs. Se os Jaguars conseguiram, por que não os Panthers?
Los Angeles Rams, 2016. Um time que não ia para os playoffs desde 2004. O novato Jared Goff joga sete partidas e tem um desempenho pífio; o time ganha somente quatro jogos no ano e demite o head coach. Em seguida, trazem um jovem treinador chamado Sean McVay para liderar a reconstrução. Neste mesmo ano, o time vence 11 jogos e vai para os playoffs. Se os Rams também conseguiram, por que não os Panthers?
Não é sobre ser exageradamente otimista, é sobre saber que podemos ser o time que se transforma de extremamente ruim para competitivo. Exemplos não faltam, até porque esta é a natureza da NFL. Todos têm uma chance de competir.
Sim, talvez ainda falte talento nos dois lados do campo. Sim, talvez nosso head coach não seja bom o suficiente. Sim, talvez nosso quarterback não seja o que sonhamos que ele seja.
Mas, se todas essas afirmações estiverem erradas, o que não é nada incogitável, os Panthers podem ser os novos Lions, Jaguars ou Rams. Esses times fizeram estes mesmos questionamentos antes de saírem do fundo do poço rumo ao estrelato de hoje em dia.
Vários times já passaram pela mesma situação que nós. Dúvidas, incertezas, falta de esperança. Mesmo assim eles levantaram as cabeças e fizeram o que muitos julgavam improvável ou até impossível na visão pessimista das coisas.
Então, por que não os Panthers dessa vez?